sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cá e lá

Cá e lá
As bolas de gude que conto
São desiguais.
E tu descontas nas minhas
Amarelas e desbotadas
Teus arco-íris redondos.
Ah, pastor de gude,
Olha teus pastos coloridos
E depois os meus, desidratados.
Deixa-me cá com meus rebanhos
E cuida do teu pastoreio,
Da tua cerca para lá.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

E a água correndo pro mar

Hoje estou num vai-e-vem
De tranças rodando no céu;
E vou girando
Olhando as mesmas coisas
Sempre depois de um contorno a mais
Sempre depois de um retorno a mais.
Vejo uma flor de laranjeira
Que vai amarelando
E vai branqueando
E vai relutando
E vai se enrugando
E vai se enxugando.
E vejo a onda de maré
Que vai chegando
E vai crescendo
E vai levantando
E vai espumando
E vem me molhando.
E vejo uma forma de olhar o mundo
Que vai se encurtando
E vai se embaçando
E vai se entortando
E vai distorcendo
A cor laranja da maré
Até ficar só o caroço de areia.
Ai, esse caroço de areia
De que meus dentes
Arrancam pedaços.
Ai, esses meus dentes
Que vão virando areia.
Ai, essa minha areia
Que o vento vai levando.
Ai, esse meu vento
Que já não me tem.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Parada

Hoje é dia de blues
Blues celeste
Blues de mar
Um violão blues
Numa janela blues
De uma casa blues
Hoje eu quero clima blues
Encorpado numa palmeira
De folhas errantes
Entre o verde e o amarelo;
Ou simplesmente folhas blues.