quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

E a água correndo pro mar

Hoje estou num vai-e-vem
De tranças rodando no céu;
E vou girando
Olhando as mesmas coisas
Sempre depois de um contorno a mais
Sempre depois de um retorno a mais.
Vejo uma flor de laranjeira
Que vai amarelando
E vai branqueando
E vai relutando
E vai se enrugando
E vai se enxugando.
E vejo a onda de maré
Que vai chegando
E vai crescendo
E vai levantando
E vai espumando
E vem me molhando.
E vejo uma forma de olhar o mundo
Que vai se encurtando
E vai se embaçando
E vai se entortando
E vai distorcendo
A cor laranja da maré
Até ficar só o caroço de areia.
Ai, esse caroço de areia
De que meus dentes
Arrancam pedaços.
Ai, esses meus dentes
Que vão virando areia.
Ai, essa minha areia
Que o vento vai levando.
Ai, esse meu vento
Que já não me tem.

2 comentários:

  1. WOW. WOW. WOW.
    Sério.
    Te conheço e conheço o que vocês
    escreve tempo suficiente pra dizer:
    De longe um dos melhores.

    sério.

    =*

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  2. isso já não é mais proto faz tempo!
    assuma-o hiperpoemas rsrs

    Abraço!

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