Tenho um jarro grego
De barro branco
Bordado em tinta vermelha.
Em seus traços, Áries e Afrodite
Cruzam olhares e pernas.
Todos os dias levo meu jarro
Numa longa caminhada
Através dos montes e bosques
E encruzilhadas vazias.
São dias ensolarados
Com uma constante garoa
Como aquelas que desenham
Imediatamente um arco-íris
Enquanto caem.
Todos os dias meu jarro
Junta garoa na caminhada
E peso nos passos,
Sempre mais pesados passos,
Enrolados na fina pele de água
Que escorre nas pernas,
Braços e rosto.
Todos os dias cambaleio exausto
Com o jarro nas costas já cheio,
Transbordando,
Inundando meu cabelo
E meus olhos;
E o céu escurecendo.
Chego enfim às margens
De um longo e calmo rio
Trazendo o jarro e suas nuvens:
E ali, imerso em suas bordas,
Ali as despejo -
Sua água se esvai
Conforme a chuva termina;
E o céu clareando.
Fito os deuses
De braços entrelaçados
Em amor e guerra;
Fito o rio
Com águas de chuva e corredeira;
Fito o céu
De luz e negridão
E volto no meu caminho
Levando o jarro lavado
Que amanhã trarei
Ao caminhar.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
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