quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Expto Nº2 (ou o Poema do inorgasmo)

(Escrito em 31 de Março de 2008)

Beijaram minha boca
Nua e branca
E um grande fio de saliva crua
Dependurou-se.
Sou a gueixa do básico,
O fático ser;
Maculo os meus pensamentos
Com manchas escuras
De uma lata de tinta vazia.
Dentro do meu castelo
Vive um minotauro
Com cabeça de homem;
E eu fujo desesperado
Da memória dos seus olhos de touro
(Se bem que não me lembro de os jamais ter visto).
Meus contos de fadas
São eróticos
E as princesas
Meretrizes
Que choram todas as vezes que são contratadas
Mas sempre tornam a trabalhar.
Sou a gueixa do esdrúxulo,
Do vaso (sanitário) enfeitado;
Entrego-me como puta
A fantasmas de coringas
Que não consigo calar;
Não compreendo um raciocínio
Enquanto gritam em mim
Gargalhadas desfocadas
Que giram loucas em meus olhos:
Flameja a cegueira...
Afinal, tudo retorna
A um beijo cru,
Remonta a um sentimento nu.

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