Essa
É só mais uma
Das facetas
Que inventei.
Dessa
Flui mais uma
Das tortas retas
Que ser sei.
Nessa
Some mais uma
Das razões-metas
Que não sei.
Então peça
Que os espelhos
Saibam reproduzir
Antes que os tempos
Percam-se em peças
De teatros
E os segundos
Em vãos retratos.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Rebuscado
A poesia vem tendo muitas lantejoulas
E apetrechos plastificados.
Sua roupagem de purpurina
E sapatos flamejantes
A muito deixaram o senso
De força e expressividade.
Falta nas manjedouras
Loucos poetas desenfreados
Que não vivam de penicilina
E saibam ser amantes
Sem o esdrúxulo consenso
De que o amor perdeu vivacidade.
Doem algumas palavras no meu íntimo;
E doem de tanto gritar,
Purpurinar e flamejar,
Mas de tão lantejouladas
Tornam-se apenas plástico em bolha
Que respinga um leve estalo
Abrindo caminho
Para um próximo estalo.
E apetrechos plastificados.
Sua roupagem de purpurina
E sapatos flamejantes
A muito deixaram o senso
De força e expressividade.
Falta nas manjedouras
Loucos poetas desenfreados
Que não vivam de penicilina
E saibam ser amantes
Sem o esdrúxulo consenso
De que o amor perdeu vivacidade.
Doem algumas palavras no meu íntimo;
E doem de tanto gritar,
Purpurinar e flamejar,
Mas de tão lantejouladas
Tornam-se apenas plástico em bolha
Que respinga um leve estalo
Abrindo caminho
Para um próximo estalo.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
As poucas palavras que tenho
(Escrito em 30 de Novembro de 2008)
Era a noite
Que me prometera
Entusiasmo.
Dissera-me
Não haver amanhã;
Fizera-me bicho,
Carne
E agora pó,
Pois amanhã chegou
E não promete
Como a noite.
Promete ao bicho suas penitências,
À carne, seu sangue,
E ao pó, o pó.
Não culpo a manhã por seu nicho
Ou o sol pela luz;
Não acuso a noite pelas juras
Nem tal a lua por suas trevas;
Tenho só ao bicho,
Carne,
Pó,
As palavras.
Mas calo
E deixo que amanhã resolva
Que há de ser.
Se quiseres, me mata.
Se conseguires, perdoa.
Mas se puderes, me ama,
Que no fim
Só este amanhã
Eu consigo esperar.
Era a noite
Que me prometera
Entusiasmo.
Dissera-me
Não haver amanhã;
Fizera-me bicho,
Carne
E agora pó,
Pois amanhã chegou
E não promete
Como a noite.
Promete ao bicho suas penitências,
À carne, seu sangue,
E ao pó, o pó.
Não culpo a manhã por seu nicho
Ou o sol pela luz;
Não acuso a noite pelas juras
Nem tal a lua por suas trevas;
Tenho só ao bicho,
Carne,
Pó,
As palavras.
Mas calo
E deixo que amanhã resolva
Que há de ser.
Se quiseres, me mata.
Se conseguires, perdoa.
Mas se puderes, me ama,
Que no fim
Só este amanhã
Eu consigo esperar.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Poeminha
É fato, de fato,
Que a alma da gente
Sente o tato
E solta a própria corrente
Pra que tente sorrir
Quando percebe um beijo
Que lhe abre as mãos.
Ou será que fecha?
Fecha juntas, coladas,
Entre gente tão vã
Que se torna tão sã
Tão firmada,
Mais descompromissada
Com o que há na esquina.
E o que era paciência tão fina
Vira humor consistente
Num pedido persistente
De mais fatos, fatos e fatos,
Pois todos os tatos
Não cansam se a gente
São eu, você e um amor latente.
Que a alma da gente
Sente o tato
E solta a própria corrente
Pra que tente sorrir
Quando percebe um beijo
Que lhe abre as mãos.
Ou será que fecha?
Fecha juntas, coladas,
Entre gente tão vã
Que se torna tão sã
Tão firmada,
Mais descompromissada
Com o que há na esquina.
E o que era paciência tão fina
Vira humor consistente
Num pedido persistente
De mais fatos, fatos e fatos,
Pois todos os tatos
Não cansam se a gente
São eu, você e um amor latente.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Esteticida
(Escrito em 10 de Novembro de 2006)
Olha o meu padrão de tintas
Iguais às tuas, garanto, iguais;
Iguais às deles, garanto, iguais.
Não são bonitas
As minhas fitas tintadas,
Que me esmerei em copiar
Da rua, quanto tu não me gostavas,
De ti, quando a rua me chutava,
Até meu gosto em vós se equilibrar?
Vê, admira e aceita
A minha prática de ser-te
Minha seita de ser todos
E de todos serem eu.
Vem e copia minha tinta
E me risca onde não gostares mais;
Pois quem gostaria de ser diferente,
Esquisito neste mundo dos iguais?
Mas não me vem,
Não me vem por me apreciar
Que senão minha tintura quebra
E verás a casca escura e mal formada
Da pintura que no barro sou.
Só me olha,
Só me olha de longe,
Que daí de onde estás sou ideal,
Por trás de telas e mensagens contorcidas
Para caberem no meu mundo virtual.
Não te esquecas desse meu simples pedido,
Que também fizeste quando eu quis te apreciar,
Pois assim fica mais fácil e bonito
Ser ornato para estético ornar.
Olha o meu padrão de tintas
Iguais às tuas, garanto, iguais;
Iguais às deles, garanto, iguais.
Não são bonitas
As minhas fitas tintadas,
Que me esmerei em copiar
Da rua, quanto tu não me gostavas,
De ti, quando a rua me chutava,
Até meu gosto em vós se equilibrar?
Vê, admira e aceita
A minha prática de ser-te
Minha seita de ser todos
E de todos serem eu.
Vem e copia minha tinta
E me risca onde não gostares mais;
Pois quem gostaria de ser diferente,
Esquisito neste mundo dos iguais?
Mas não me vem,
Não me vem por me apreciar
Que senão minha tintura quebra
E verás a casca escura e mal formada
Da pintura que no barro sou.
Só me olha,
Só me olha de longe,
Que daí de onde estás sou ideal,
Por trás de telas e mensagens contorcidas
Para caberem no meu mundo virtual.
Não te esquecas desse meu simples pedido,
Que também fizeste quando eu quis te apreciar,
Pois assim fica mais fácil e bonito
Ser ornato para estético ornar.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Duas da manhã
(Escrito em 1º de Maio de 2009)
É engraçado...
Eu nunca tinha reparado
Que o céu de São Paulo tem estrelas.
Jamais tinha olhado para cima
A procura de alguma coisa,
Com um sorriso nos lábios
E o vento gelado no rosto;
Parado no tempo e no espaço
Sob um distante piano a ecoar
Naqueles mil vasos de luz cintilante.
Só hoje eu percebi
Que a madrugada discreta
Canta uma singela canção,
Daquelas que só se ouvem no silêncio
De um cigarro na mão
E uma chama no coração
Na varanda, às duas da manhã.
Foi quando eu descobri,
E com um leve riso enchi-me de lágrimas:
Até a tenra estrela brilha mais,
Pois o céu de qualquer lugar
É muito diferente
Quando se está a amar.
É engraçado...
Eu nunca tinha reparado
Que o céu de São Paulo tem estrelas.
Jamais tinha olhado para cima
A procura de alguma coisa,
Com um sorriso nos lábios
E o vento gelado no rosto;
Parado no tempo e no espaço
Sob um distante piano a ecoar
Naqueles mil vasos de luz cintilante.
Só hoje eu percebi
Que a madrugada discreta
Canta uma singela canção,
Daquelas que só se ouvem no silêncio
De um cigarro na mão
E uma chama no coração
Na varanda, às duas da manhã.
Foi quando eu descobri,
E com um leve riso enchi-me de lágrimas:
Até a tenra estrela brilha mais,
Pois o céu de qualquer lugar
É muito diferente
Quando se está a amar.
domingo, 6 de setembro de 2009
Sorrisos frágeis
(Escrito em 28 de Maio de 2009)
O problema da felicidade
É não ter tanto problema
E um dia, assim,
Sem mais nem menos,
Felicidade passou
E não deu aviso
Não deixou lembrança
Só a desconfiança
Do que me deixou.
A verdade da estabilidade
É ser imprevisível
Sob os lençóis;
O riso da fragilidade
Ri mais alto agora
Que sólido se tornou.
O problema da felicidade
É não ter tanto problema
E um dia, assim,
Sem mais nem menos,
Felicidade passou
E não deu aviso
Não deixou lembrança
Só a desconfiança
Do que me deixou.
A verdade da estabilidade
É ser imprevisível
Sob os lençóis;
O riso da fragilidade
Ri mais alto agora
Que sólido se tornou.
sábado, 5 de setembro de 2009
Desvairo
(Escrito em 28 de Janeiro de 2009)
Não sei bem
Quanto tem de calma
Ou quanto de stress
Quanto de espaço
Ou de aperto
Se faltam parafusos
Ou sobram razões
Se amo ou apaixono
Ou os dois...
Se quero, desejo,
Preciso ou venero;
Giro, tonteio,
Corrijo, ando reto;
Acelero demais
Logo freio - e paro.
Não sei bem, não sei bem...
Parece que o mundo é de fogo
Ou de água
Ou os dois;
Que tudo se inflama e apaga
Num piscar de olhos
Quando entras pela porta
E quando por ela sais.
Parece que vou me rasgar
Ou me encontrar
Ou não sei...
Não sei bem, não sei bem
O que é que me faz
Esse bem que você me faz.
Não sei bem
Quanto tem de calma
Ou quanto de stress
Quanto de espaço
Ou de aperto
Se faltam parafusos
Ou sobram razões
Se amo ou apaixono
Ou os dois...
Se quero, desejo,
Preciso ou venero;
Giro, tonteio,
Corrijo, ando reto;
Acelero demais
Logo freio - e paro.
Não sei bem, não sei bem...
Parece que o mundo é de fogo
Ou de água
Ou os dois;
Que tudo se inflama e apaga
Num piscar de olhos
Quando entras pela porta
E quando por ela sais.
Parece que vou me rasgar
Ou me encontrar
Ou não sei...
Não sei bem, não sei bem
O que é que me faz
Esse bem que você me faz.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Escarcéu
Veio o que se dizia
Uma brisa de três da tarde
Brincando no véu de cortina
A viajar na sala.
Foi ficando mais longe
A navegação
E mais indiscreto o escarcéu
Fazendo minhas folhas de papel
Porem-se a rodar no quarto
E meu cobertor
A redemoinhar sobre o corpo,
Até que se disse o batente farto
E minha cama se sentiu nua;
Então se esmurrou a porta
E fechou-se a janela,
Mas já era tarde:
A poesia vagava pelo vento vazia
E sua pouca tinta que restara
Jazia esparramada pelo chão.
Uma brisa de três da tarde
Brincando no véu de cortina
A viajar na sala.
Foi ficando mais longe
A navegação
E mais indiscreto o escarcéu
Fazendo minhas folhas de papel
Porem-se a rodar no quarto
E meu cobertor
A redemoinhar sobre o corpo,
Até que se disse o batente farto
E minha cama se sentiu nua;
Então se esmurrou a porta
E fechou-se a janela,
Mas já era tarde:
A poesia vagava pelo vento vazia
E sua pouca tinta que restara
Jazia esparramada pelo chão.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Das amantes
Salve, salve, Ulisses!
Vejo que vais por aí
De trejeito, franzino, disperso
E descaminhas perplexo
Os olhos embriagados.
Ora, Ulisses chora,
Mas chora homem, esbravejando,
Pois descobriu essa noite
Que a mulher lhe roubou o quinhão.
E sofre das dores Ulisses
De ter seu amor traído
Mas sofre mais com a dor
De saber estar em contas bem pago,
Pois vale contar que também
Ulisses roubou o quinhão
Da esposa que por tanto tempo
Teve um pleno vazio nas mãos.
E esperou a donzela, paciente,
O retorno dos infindáveis empréstimos
Que homem faz quando bebe
E sai, todo esguio, na rua.
Pois bem, eis que o tempo de acertos
Finalmente para Ulisses chegou;
Perdido na casa vazia
Vê o preço que de si mesmo roubou:
De tantas amantes
Só não restou aquela
Que importava restar,
E agora, pobre Ulisses,
Vai eterno buscar conforto
Nos braços das endinheiradas
Que aceitaram quinhão alheio.
E em cada braço que pare
Vai morrer-lhe um pedaço da mente
Que lembrará pelo tempo que reste
O que restou nos braços de outro
De um amor que cansou de esperar,
Um amor não mais remitente.
Vejo que vais por aí
De trejeito, franzino, disperso
E descaminhas perplexo
Os olhos embriagados.
Ora, Ulisses chora,
Mas chora homem, esbravejando,
Pois descobriu essa noite
Que a mulher lhe roubou o quinhão.
E sofre das dores Ulisses
De ter seu amor traído
Mas sofre mais com a dor
De saber estar em contas bem pago,
Pois vale contar que também
Ulisses roubou o quinhão
Da esposa que por tanto tempo
Teve um pleno vazio nas mãos.
E esperou a donzela, paciente,
O retorno dos infindáveis empréstimos
Que homem faz quando bebe
E sai, todo esguio, na rua.
Pois bem, eis que o tempo de acertos
Finalmente para Ulisses chegou;
Perdido na casa vazia
Vê o preço que de si mesmo roubou:
De tantas amantes
Só não restou aquela
Que importava restar,
E agora, pobre Ulisses,
Vai eterno buscar conforto
Nos braços das endinheiradas
Que aceitaram quinhão alheio.
E em cada braço que pare
Vai morrer-lhe um pedaço da mente
Que lembrará pelo tempo que reste
O que restou nos braços de outro
De um amor que cansou de esperar,
Um amor não mais remitente.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
O tempo do vento
Não posso mais com o vento
Que me arrastou para aqui
Como grão de pólen.
Não sou mais areia infértil
Nem folha estéril
A rodopiar.
Posso mais com o tempo
Que de ventos a passar
Formou-me formosa
Flor do campo
Montanha de encosta
Lírio selvagem
A mirar o vento serenamente,
E nas brisas a passar
Lançar-lhe meu pólen
Meus grãos de areia
E minhas pétalas
Que no rodopio vão se perder
Para se encontrar.
Que me arrastou para aqui
Como grão de pólen.
Não sou mais areia infértil
Nem folha estéril
A rodopiar.
Posso mais com o tempo
Que de ventos a passar
Formou-me formosa
Flor do campo
Montanha de encosta
Lírio selvagem
A mirar o vento serenamente,
E nas brisas a passar
Lançar-lhe meu pólen
Meus grãos de areia
E minhas pétalas
Que no rodopio vão se perder
Para se encontrar.
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