quarta-feira, 23 de setembro de 2009

As poucas palavras que tenho

(Escrito em 30 de Novembro de 2008)

Era a noite
Que me prometera
Entusiasmo.
Dissera-me
Não haver amanhã;
Fizera-me bicho,
Carne
E agora pó,
Pois amanhã chegou
E não promete
Como a noite.
Promete ao bicho suas penitências,
À carne, seu sangue,
E ao pó, o pó.

Não culpo a manhã por seu nicho
Ou o sol pela luz;
Não acuso a noite pelas juras
Nem tal a lua por suas trevas;
Tenho só ao bicho,
Carne,
Pó,
As palavras.
Mas calo
E deixo que amanhã resolva
Que há de ser.
Se quiseres, me mata.
Se conseguires, perdoa.

Mas se puderes, me ama,
Que no fim
Só este amanhã
Eu consigo esperar.

Um comentário:

  1. "Não acuso a noite pelas juras
    Nem tal a lua por suas trevas;"

    Fica a pergunta: porque as trevas estão na lua e não na noite?

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